
A dúvida sobre quando usar crase é uma das mais comuns entre estudantes e até mesmo entre adultos que já concluíram a vida escolar. Afinal, o uso desse acento grave (à) nem sempre é intuitivo e, em muitas situações, causa insegurança.
Quantas vezes você já se perguntou, ao escrever um e-mail ou preparar uma redação: será que aqui vai crase?
Essa questão surge porque a crase não é apenas um detalhe gráfico. Ela tem uma função importante: indicar a fusão da preposição “a” com o artigo definido “a” ou até com alguns pronomes. Por isso, compreender quando usar crase corretamente é fundamental para escrever com clareza, precisão e elegância.
Neste guia completo, vamos explorar em profundidade as regras principais, os casos em que a crase é obrigatória, os momentos em que ela não deve ser usada, além das exceções e do uso facultativo. Também traremos dicas práticas, com frases de exemplo, para que você consiga dominar de vez o assunto.
Ao final, você vai perceber que entender quando usar crase é mais simples do que parece, basta seguir a lógica das regras e praticar bastante.
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Quando usar crase? Regras de uso
Entender quando usar crase no “a” é o primeiro passo para dominar o tema. Sempre que houver a fusão da preposição “a” com o artigo definido “a” que acompanha uma palavra feminina, será necessário usar o acento grave. Parece complicado, mas com alguns exemplos e bastante prática, tudo fica claro.
Além disso, a crase também aparece em situações específicas, como diante de expressões que indicam horas, em locuções adverbiais e antes de pronomes demonstrativos como “aquela”. Vamos analisar cada caso separadamente.
Antes de palavras femininas
O caso mais clássico é o uso da crase diante de palavras femininas. Sempre que o verbo ou a regência da frase exigir a preposição “a” e a palavra seguinte estiver acompanhada do artigo definido “a”, ocorre a fusão, e o acento grave aparece.
1. Fui à escola cedo.
2. Dirigi-me à professora com uma dúvida.
3. Voltamos à cidade onde crescemos.
4. Dei o presente à amiga de infância.
5. Entreguei o material à aluna responsável.
Esse é o primeiro ponto que ajuda a compreender quando usar crase. Basta perguntar: existe a necessidade da preposição “a”? A palavra seguinte aceita o artigo definido feminino “a”? Se a resposta for “sim” para as duas perguntas, a crase será obrigatória.
Indicações de horas
Outro momento importante para entender quando usar crase em horas é nas expressões que marcam tempo determinado. Sempre que se indicar uma hora exata, será necessário o uso da crase.
1. A reunião começará às 14 horas.
2. O ônibus sai às 7 da manhã.
3. Cheguei em casa às 22 horas.
4. O voo está marcado às 6 horas.
5. A aula terminará às 18h30.
Mas atenção: quando a indicação for aproximada, como em “cerca de” ou “por volta de”, a crase deixa de ser obrigatória. Aqui está um ponto importante para diferenciar quando usar crase em horas e quando não usar crase em horas.
Locuções adverbiais, conjuntivas e prepositivas
As locuções formadas por palavras femininas também exigem o uso da crase. Isso acontece com expressões adverbiais, conjuntivas ou prepositivas.
1. Fiz tudo à moda antiga.
2. Estava à procura do livro perdido.
3. Andava à toa pelo parque.
4. Agiu às escondidas para não ser visto.
5. Estávamos à espera do resultado.
Antes dos pronomes aquele, aquela, aquilo
Outro caso específico é quando temos a fusão da preposição “a” com os pronomes demonstrativos aquele, aquela e aquilo.
1. Referi-me àquela situação desagradável.
2. Voltamos àquele lugar de infância.
3. Respondi àquilo que me perguntaram.
4. O filme faz referência àquela época histórica.
5. Entreguei o trabalho àquele professor exigente.
Outras regras
Além das situações já apresentadas, há ainda outros casos em que é preciso saber quando usar crase. Entre eles, destacam-se:
Antes de nomes de lugares femininos que pedem a preposição “a”.
Em expressões de comparação do tipo “à maneira de”.
Antes de palavras femininas que fazem parte de fórmulas de tratamento ou convites.
1. Viajarei à Bahia no próximo mês.
2. O autor escreve à Camões, em estilo clássico.
3. O convite foi endereçado à Senhora Maria.
4. O livro foi dedicado à doutora responsável.
5. Fui à França durante as férias.
Essas regras ajudam a fixar a lógica de quando usar crase no plural e no singular. Em casos como “às alunas” ou “às pessoas”, por exemplo, a fusão ocorre da mesma forma, mas acompanhada do artigo no plural.
Quando não usar crase?

Agora que entendemos as situações de obrigatoriedade, é hora de pensar em quando não usar crase. Esse cuidado é importante porque muitos alunos acabam aplicando o acento grave em momentos em que ele não deve aparecer.
Antes de palavras masculinas
Não se usa crase diante de palavras masculinas, pois o artigo definido masculino é “o” e não “a”. Assim, não ocorre fusão de vogais.
1. Fui a pé para o trabalho.
2. Dirigi-me a Paulo com respeito.
3. A visita foi feita a um colega.
4. Voltamos a José com a resposta.
5. Respeitei a decisão a todos os alunos.
Antes de verbos
Outro caso importante: nunca usamos crase antes de verbos, já que eles não admitem artigo definido.
1. Comecei a estudar logo cedo.
2. Dedico-me a aprender cada dia mais.
3. Prefiro retornar a caminhar todos os dias.
4. Decidi voltar a correr no parque.
5. Ela se dedicou a escrever cartas.
Antes de pronomes pessoais do caso reto e oblíquo
Outro ponto fundamental para compreender quando não usar crase é diante de pronomes pessoais, sejam do caso reto (eu, tu, ele, nós, vós, eles) ou oblíquo (me, te, se, nos, vos, lhes, o, a). Esses pronomes não aceitam artigo definido e, por isso, não ocorre fusão com a preposição “a”.
1. Entreguei o presente a ela com carinho.
2. Enviei o recado a ele imediatamente.
3. Falei tudo a mim mesmo para memorizar.
4. A situação foi explicada a nós detalhadamente.
5. Reforcei a importância a todos eles.
Antes de um numeral
Também não se usa crase antes de numerais, principalmente quando indicam quantidade. Esse é outro ponto que confunde quem está aprendendo, mas a regra é clara: sem artigo definido, não há crase.
1. Cheguei a duas conclusões diferentes.
2. O prêmio foi entregue a três participantes.
3. O relatório foi encaminhado a cinco setores.
4. Contei a história a dez pessoas curiosas.
5. A proposta foi apresentada a cem alunos.
Aqui vale lembrar que existe uma diferença importante entre quando usar crase em horas e quando não usar crase em horas. No caso dos numerais cardinais, não há acento grave. Já nas indicações de tempo exato, a crase é obrigatória.
Antes de pronomes de tratamento
Outra situação em que precisamos lembrar quando não usar crase ocorre diante de pronomes de tratamento, como “Vossa Excelência”, “Vossa Senhoria”, “Senhor”, “Doutor” e similares.
1. Dirigi-me a Vossa Excelência com respeito.
2. O convite foi entregue a Vossa Senhoria.
3. O agradecimento foi feito a Sua Alteza.
4. A homenagem foi prestada a Senhora Maria.
5. A fala foi direcionada a Doutor João.
Note que, mesmo diante de palavras femininas como “Senhora”, o pronome de tratamento impede o uso da crase. Esse detalhe é uma das boas dicas de quando usar crase e quando não.
Antes dos pronomes demonstrativos esse, este, esta, essa, isso
Não ocorre crase diante dos pronomes demonstrativos iniciados por “e” — como esse, esta, este, essa, isso. Isso acontece porque não há artigo definido que justifique a fusão com a preposição “a”.
1. A resposta foi entregue a este professor.
2. Contei a história a essa aluna.
3. Fiz referência a este documento.
4. Enviei a mensagem a essa turma.
5. Dei destaque a isso durante a aula.
Palavras repetidas
Outro detalhe importante é que não usamos crase diante de palavras repetidas. Essa situação é comum em expressões como “cara a cara”, “passo a passo”, “gota a gota”.
1. Eles ficaram cara a cara por alguns minutos.
2. Resolvi o problema passo a passo.
3. A construção foi feita tijolo a tijolo.
4. O professor explicou o conteúdo ponto a ponto.
5. O trabalho foi realizado gota a gota, com paciência.
Exceções à regra

A língua portuguesa está repleta de exceções, e com a crase não poderia ser diferente. Mesmo conhecendo as regras, é importante estar atento às situações que fogem do padrão.
Por exemplo, não se usa crase diante de palavras femininas que estão no plural quando não há artigo definido no singular. Também existem casos em que a escolha do autor ou da tradição linguística influencia.
Um exemplo está nos nomes de cidades femininas, como Roma e Paris. Dizemos “Fui a Roma” (sem artigo) e “Fui à França” (com artigo).
Essas exceções são importantes para refletirmos sobre quando usar crase. Não basta decorar as regras, é essencial treinar e praticar constantemente.
Quando o uso da crase é facultativo?
Além das regras fixas e das exceções, há situações em que o uso da crase é facultativo. Isso acontece, por exemplo, antes de pronomes possessivos femininos, como “minha” e “sua”.
1. Entreguei o livro a minha mãe.
2. Entreguei o livro à minha mãe.
3. Fiz a pergunta a sua professora.
4. Fiz a pergunta à sua professora.
5. Encaminhei a carta a nossa coordenadora.
Como não errar crase? Dicas de aprendizado
Para quem ainda sente insegurança, algumas estratégias práticas ajudam a fixar o conteúdo. A primeira é sempre substituir a palavra feminina por uma masculina. Se aparecer “ao”, é sinal de que deve haver crase no feminino.
Exemplo:
Vou ao colégio → Vou à escola.
Outra dica é prestar atenção especial às expressões fixas. Memorizar locuções como “à medida que”, “à toa”, “à procura de” facilita muito o reconhecimento automático.
E claro, vale reforçar: praticar é o segredo. No método Kumon, os alunos aprendem de forma gradativa e individualizada, com exercícios que reforçam não só a gramática, mas também a segurança na escrita. Esse treino constante ajuda a evitar erros e a consolidar de vez o entendimento de quando usar crase.
Se você ainda tem dúvidas sobre quando usar crase, vale a pena criar um caderno de exemplos. Anote frases que já leu em livros, jornais e revistas. Esse tipo de exposição frequente à escrita correta fortalece a memória visual.
Essas são boas dicas de quando usar crase que podem ser aplicadas por qualquer estudante.
Conclusão

Entender quando usar crase é um desafio que assusta muitos estudantes, mas, como vimos, é totalmente possível superar essa dificuldade. Ao conhecer as regras, identificar os casos em que a crase é obrigatória, saber quando não usar crase e reconhecer as exceções, você passa a escrever com muito mais segurança.
Também aprendemos que há situações em que a escolha é facultativa, e outras em que precisamos estar atentos às particularidades da língua. O mais importante é praticar, pois o uso correto da crase faz diferença não só em provas e redações, mas também em e-mails, trabalhos acadêmicos e na vida profissional.
Com atenção, dedicação e boas estratégias de estudo, fica fácil entender como e quando usar crase corretamente. E lembre-se: com treino constante, como o que acontece no Kumon, você transforma a prática em hábito e nunca mais esquece quando usar crase no “a”, quando usar crase em datas, quando usar crase em horas ou mesmo quando usar crase no plural.